TRUST | ESTRÉIA

Confiar (Trust) EUA, 2010. Direção de David Schwimmer. Com Clive Owen, Catherine Keener, Liana Liberato, Viola Davis, Jason Clarke, Noah Emmerich e Chris Henry Coffin. 106 min. Drama.

Pouca gente se deu conta de que o ex-Friend, David Schwimmer tinha se tornado diretor e que já tinha feito longa metragens (foi bem engraçadoMaratona do Amor (Run, Fatboy Run com Simon Pegg) e também episódios de séries de TV (começou, aliás, com Friends, depois com Joey, Tracy Morgan, Little Britain USA).

Agora ele reaparece com um drama que tem uma mensagem oportuna e interessante, até importante para adolescentes que lidam com internet. Só essa frase praticamente já garante que nenhum deles irá assistir o filme, porque como se sabe, teens fazem o oposto do que a gente sugere!

E as coisas que eles mais detestam é justamente ver um filme que ensina alguma coisa que pode ser útil na vida. Antigamente essa função era exercida pelos telefilmes, os famosos TV movies, que hoje estão praticamente circunscritos ao Life Time Channel. Schwimmer, que é um veterano esperto, vestiu o filme com uma cara mais moderna, mais transada (por exemplo, as mensagens entram escritas na tela em cima de imagens). Não tem cara de “feito para a TV”.  Outro diferencial do filme é o final um pouco abrupto sem ter realmente um “closure”, uma resolução total para as situações.

Por que será que Clive Owen aceitou um papel de pai de  família quando está acostumado a fazer filmes de crime e aventuras? Justamente por isso, quis mudar de tipo, expandir seus horizontes e apostou em um script que faria pelo menos duas cenas de choro, agora todo mundo sabe que ele também pode fazer um cara sensível (o filme custou por volta de US$ 10 milhões e não conseguiu render nem US$ 120 mil, ou seja, um fracasso imenso).

A história é uma daquelas lendas urbanas que infelizmente são verdadeiras. Basicamente, uma menina de 14 anos (Liana Liberato, que foi melhor atriz no Festival de Chicago), portanto rebelde e mal amada na escola, que ganha o computador de aniversário do pai e começa a se comunicar com um rapaz de outro Estado, inclusive porque está desiludida com o namoradinho.

O novo rapaz parece sedutor e como sempre acontece, ela acha que é a sua alma gêmea! Na primeira oportunidade escapa para encontrá-lo, só que logicamente quem aparece é um homem mais velho que se desculpa e se mostra mais sedutor ainda (não se mostra essa situação em muitos detalhes) e com quem acaba tendo relações sexuais. Depois, a garota descobre que foi vítima de uma cilada, está em um site da internet e virou a chacota da escola!

É um caso mais comum do que se pensa (que poderia ser ainda pior, poderia ser um assassinato e o corpo desaparecer para sempre) que o filme denuncia até com delicadeza e certa discrição. Podia ser mais indignado, mais profundo, mas compensa a fraqueza da família com a participação da indestrutível Viola Davis como a psiquiatra que tenta ajudar a garota (dizem que Viola pode ganhar o Oscar este ano por The Help, não duvido porque ela é uma força da natureza, dá verdade a qualquer texto ou situação).

Mas sinto que estou gastando o verbo a toa. Duvido muito que alguém queira ir ao cinema para ser advertido sobre os perigos da vida moderna. Até mesmo os pais hoje são preguiçosos, não gostam de confrontar os filhos, imagina então ousar dizer para eles que a internet pode ser perigosa.

Ia dar uma briga tão grande que preferem não se arriscar. O que adianta o filme ter uma mensagem oportuna se vai cair em ouvidos moucos (surdos)?

Em Rubens Ewald Filho
@CasaMulti

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